O mais recente ranking Top 100 da produção leiteira brasileira, divulgado pelo MilkPoint e ABRALEITE, expande sua análise para além dos números de produção, investigando as práticas de sustentabilidade adotadas pelos maiores produtores do país. Essa iniciativa reforça a crescente integração entre a produção de leite e a preservação ambiental.
Um dado relevante aponta que, em sistemas confinados (86% do Top 100), a produção média diária de 32.555 litros de leite gera cerca de 61.855 litros de dejetos – volume equivalente ao esgoto de 476 pessoas diariamente. A Fazenda Colorado, líder em produção, alcança a marca de 187.950 litros de dejeto por dia, comparável ao esgoto de 1.446 indivíduos.
Apesar do grande volume, 95 fazendas declaram armazenar esses dejetos em esterqueiras/lagoas para posterior uso como fertilizante. Estimando uma concentração média de 0,1% de nitrogênio nos dejetos, a produção diária do Top 100 poderia gerar aproximadamente 22.577 kg de nitrogênio por ano. Contudo, considerando perdas por volatização, cerca de 11.288 kg de nitrogênio anuais estariam disponíveis para adubação, suficientes para fertilizar 75 hectares de milho-silagem, por exemplo.
Em relação ao tratamento de dejetos, apenas 38 fazendas utilizam biodigestores, sistemas que transformam os resíduos em biogás (fonte de energia) e digestato (fertilizante líquido). A produção anual de dejetos da fazenda média poderia gerar 112.785 m³ de biogás, com potencial energético de 73.310 kWh.
O levantamento também revela avanços no manejo hídrico: 51 fazendas monitoram o consumo de água, essencial para identificar e corrigir ineficiências. Adicionalmente, 55 fazendas aproveitam a água da chuva, uma alternativa sustentável para diversas aplicações, desde a limpeza de instalações até, potencialmente, o consumo animal (após análise de qualidade).
Em suma, a inclusão de indicadores ambientais no ranking Top 100 representa um avanço significativo, fornecendo dados valiosos para que o setor lácteo brasileiro adote práticas mais sustentáveis, baseadas em ciência e na realidade produtiva.
Fonte Milk Point